Ficar em casa com as crianças, trabalhando e fazendo atividades domésticas é desafiador. São tantas demandas que acabamos por esquecer de cuidar do nosso lado emocional. Aí não tem jeito, o estresse surge, com força total!
Estresse à vista, a probabilidade de surtarmos com os pequenos é grande. Aliás, não precisamos nem surtar, pois eles são tão sensíveis, que percebem nossa irritação à flor da pele e respondem à ela, demonstrando-se, muitas vezes, irritados também.
Para tentar minimizar os momentos de estresse temos cinco dicas valiosas que podem te ajudar!
A primeira delas é nunca esconder informação dos pequenos. Precisamos respeitar o lugar das crianças no mundo como pertencentes a ele. A informação deve ser passada com clareza e didática, cuidando para não passar uma ideia de medo e pânico, mas de precaução.
Os pequenos têm direito à informação adequada à sua idade, sem propagação do medo.
Para isso use o lúdico: fantoches, histórias, desenhos e músicas são bem vindas para falar do vírus. E experimentos aliado a histórias e músicas são eficientes para falar das maneiras de se prevenir do contágio.
Outra dica importante é planejar o dia-a-dia. Procure estabelecer as tarefas que deve fazer, os horários para cada uma (ou ao menos a sequência delas) e escrever tudo isso em um papel que você visualize com frequência. Planeje o seu dia e o dia da criança, desde o acordar até o momento de relaxar antes de dormir, dessa maneira você consegue visualizar e distinguir o que deve ser feito. Parece banal, eu sei, você deve estar imaginando que sabe o que deve fazer, não precisaria escrever num papel. Contudo, o ato de escrever organiza as ideias e uma mente mais organizada lida melhor com a criança e com o estresse.
Planeje o momento em que irá trabalhar, ficar com a criança, se cuidar e realizar afazeres domésticos. Ou então escolha algumas prioridades e planeje o momento delas. Se sua prioridade é uma demanda de trabalho, estabeleça o horário para ela e avise a criança sobre isso. Diga que precisa de colaboração.
Se você conseguir planejar o dia da criança, incluindo as refeições, os momentos de brincar livre e de estudos, avise a ela, escreva a rotina da criança. Se ela ainda não lê, faça desenhos, contudo mostre para ela que o dia terá uma sequência. Saber sobre o dia e perceber uma organização ajudam a criança a se sentir melhor e mais segura. Isso minimiza momentos de estresse, birra, raiva e ajuda a criança a entrar no esquema de cooperação com a sua rotina.
A terceira dica consiste em uma das ferramentas da Disciplina Positiva: a Pausa Positiva. A Pausa Positiva é realmente tirar cinco minutos após um momento de muito estresse e irritação. Se você ficou irritada(o) com sua criança e sente que irá explodir, punir, dentre outros pensamentos negativos, corre para o banheiro, para o quarto, para outro lugar que te ajude a respirar um pouco e contar até dez. Sair da cena que causou o estresse ajuda muito a fazer com que a mente volte ao lugar, se acalme e pense melhor.
E a pausa positiva pode servir para as crianças também. Tirar a criança do local no qual ela está chorando e fazendo birra ajuda a tirar o foco de tensão. Pode ser da sala para o quarto ver um brinquedo ou para o quintal ou a varanda ver uma árvore ou um passarinho. O importante é desviar a atenção do que causou o estresse. Depois que os ânimos se acalmarem, retornamos ao local ou a conversa para resolver o que aconteceu.
Outra ferramenta da Disciplina Positiva é o Canto da Calma, que é realmente um cantinho em que podemos fazer a Pausa Positiva, mencionada na dica 3. . Ele pode ser em qualquer cômodo da casa, mas que tenha elementos que ajudem você e a sua criança a se acalmar. Construa esse canto com a criança, coloque fotos, bichos de pelúcia, músicas, aromas, almofadas, enfim, tudo que ajude vocês a relaxarem. Use este canto quando estiver estressada ou sugira à criança que o utilize para o mesmo fim.
Somos melhores exemplos quando realizamos, nós mesmos, as ações que sugerimos às crianças.
Tente construir um canto da calma com a sua criança. Ele é indicado para crianças acima dos 4 anos. Para os menores, basta seguir a sugestão da Pausa Positiva.
As quatro primeiras dicas são estratégias para tentar não chegar ao estresse, mas caso ele chegue, para não surtar com a criança e acabar partindo para a punição temos outras soluções. Depois de usar a Pausa Positiva e o Canto da Calma, o que fazemos? Simplesmente deixamos o assunto de lado?
Muitas vezes, principalmente quando a criança é bem pequena (menos de 3 anos), o assunto pode ser esquecido, pois pode ser fruto de explosões emocionais ou de assuntos que simplesmente necessitam de tempo e maturidade. Porém, quando o assunto exige uma solução ou aponta um comportamento inadequado da criança, nós precisamos buscar a calma e conversar. Ok, e como fazemos isso?
Temos alguns passos que dizem respeito à validação dos sentimentos e à conexão, tão difundidas pela Disciplina Positiva e que podem ajudar:
A – Valide o sentimento da criança primeiramente nomeando-o: Você está com raiva, triste, eufórico, ansioso, duvidoso, receoso, animado, irritado, etc. E posteriormente acolhendo de maneira que a criança saiba que é normal se sentir daquela maneira. Frases que podemos usar são: “Entendo que você ficou com raiva, é normal, a mamãe também tem raiva de vez em quando”, “Quando não consigo algo que gostaria muito de ter eu também fico triste”, “É normal ficar ansioso por não poder passear, quer conversar sobre isso?”, dentre muitas outras.
B – Ajude a criança a entender que os sentimentos são sempre válidos (tudo bem se sentir daquele jeito), mas demonstre firmeza ao apontar que as atitudes que aquele sentimento provocam nem sempre são válidas. Então, no caso da criança chutar, bater, morder, estragar alguma coisa ou alguém, afirme que, mesmo o sentimento sendo negativo não vale machucar a si mesmo, ao outro ou o ambiente.
C – Por fim, ofereça ajuda para buscar uma solução, seja ela qual for. Mostre-se presente e, acima de tudo, que você se importa com a criança e quer ajudá-la a lidar com aquela situação
Esse processo todo pode vir até mesmo antes da sugestão do Canto da Calma. Tudo depende da situação e de como você lida com ela sendo adulto. Controlando seu comportamento e se mantendo calma(o) as chances de ajudar a criança e lidar com a situação são maiores.