A Psicologia do Desenvolvimento começou com as observações de como o ser humano se desenvolve ao longo da vida. Ela corresponde a uma ciência inicialmente pautada na tentativa de diferenciar o que vem da genética (nature) do que vem da educação adquirida pelo indivíduo e suas interações (nurture).
Hoje em dia, a principal discussão deixou de ser a dicotomia nature x nurture para a tentativa de entender como esses dois fatores coexistem para levar ao desenvolvimento do ser humano ao longo das fases da vida.
Muito daquelas tabelas que vemos com fases bem definidas indicando idade e o que cada criança deveria já saber ou ser capaz de fazer vem da Psicologia do Desenvolvimento.
Essas tabelas, na verdade, têm um caráter mais didático e a linha de separação entre fases não é algo rígido,ou pelo menos não deveria ser visto como sendo!
Além disso, quando dizemos que algo é normal a uma determinada fase é preciso cuidado pois mesmo o considerado normal depende do povo e do momento histórico. É o caso do menino francês que viveu sua infância em um bosque, longe da civilização. Ele costumava fazer xixi e cocô onde sentisse vontade e isso seria “anormal” – mas porque seria anormal? Essa ideia de que devemos fazer nossas necessidades fisiológicas em determinado espaço é uma padronização social que muda de sociedade para sociedade (pode ser em um sanitário ou em um buraco no chão, dependendo do povo e da época).
A Psicologia do Desenvolvimento é importante para que nós, como educadores, possamos estar atentos a planejar as sequências didáticas de modo a oportunizar aos alunos que vivenciem o que é adequado àquele momento em seus desenvolvimentos sociais, psicólogos e biológicos. Claro que tendo a sensibilidade de observar que cada indivíduo tem seu próprio tempo de desenvolvimento!
Como educadores, seja nas salas de aula ou com familiares, precisamos estar atentos sempre para não estigmatizar alguém que possa não estar no que é considerado normal àquele momento. Mas também precisamos ter em mente a busca de ajuda especializada no caso de identificarmos uma criança que talvez precise de algum trabalho específico para que se desenvolva plenamente.
Dessa forma, temos aprendizados importantíssimos com a Psicologia do Desenvolvimento: (1) entender que temos fases; (2) observar essas fases com seus principais marcos e transições como diretrizes e não objetivos estanques; e (3) refletir sempre a tríade biológico-social-psicológico para atuar e buscar ajudar no desenvolvimento das nossas crianças ao longo da vida! Como educadores, esses conceitos serão muito úteis para que possamos melhor auxiliar nossas crianças para seus plenos desenvolvimentos.
Texto de Lea Veras