Escolher uma profissão, um curso para adentrar no ensino superior, estão entre as decisões mais difíceis na vida de um jovem. Refletiremos um pouco sobre esse tema, tendo como orientação o livro de Bock “Orientação profissional” de 2002, o qual traz a figura do dos profissionais de psicologia, dos orientadores educacionais como aqueles que auxiliam os jovens dentro da escola nessa busca por uma carreira profissional.
Bock (2002) aponta várias teorias de estudiosos que tentavam falar sobre o psicológico dos adolescentes e como eles são afetados pelo meio em que vivem. Estas teorias delineiam as ações dos orientadores para ajudar os jovens a perceber que profissão tinha mais a ver com eles.
Algumas teorias consideram conceitos como aptidão, interesse e traços de personalidade, outras consideram as escolhas a partir dos estágios do indivíduo durante toda a sua vida, afirmando que uma escolha profissional realista aconteceria aos dezessete anos de idade.
O autor citado pensa em todas essas teorias, analisa-as e apresenta novas que podemos dividir em 3 frentes: Teorias tradicionais, teoria crítica e teorias para além da crítica. Na primeira (teorias tradicionais), o profissional ajuda o jovem a se identificar com determinado perfil de uma profissão apresentada em catálogos. Porém Bock aponta esta linha como sendo superficial. Nas teorias críticas o que deve ser considerado é que o sujeito não se constitui individualmente e sim socialmente e historicamente.
Portanto o profissional que orienta o aluno deve levar em conta toda a trajetória e as relações do indivíduo para poder auxiliá-lo. Contudo dependendo de sua trajetória e de suas relações o indivíduo terá determinada profissão, determinado futuro, sem poder decidir se quer mudar sua condição social ou não. E este equívoco é sanado através das teorias para além da crítica. Nesta terceira teoria o sujeito e a sociedade são considerados juntos, porém é o próprio sujeito que decide os caminhos que vai tomar, mesmo com o auxílio de uma orientação.
Muitos jovens não passam por esse processo e não tem a oportunidade sequer de ter contato com um profissional que os auxilie. O máximo que fazem é o famoso teste vocacional. Porém muitas vezes esse teste é enviesado além de ser uma única ferramenta pertencente a um processo bem maior e mais complexo.
Todo jovem deveria contar com um bom profissional que o auxiliasse no processo de escolha e que deixasse claro que apesar de cursos de ensino superior serem desafiadores, caros (nos casos dos particulares) e intensos, eles não precisam definir o que a pessoa irá fazer para o resto de sua vida. Tirando o peso e o tabu de que curso escolhido de primeira é pra vida inteira. Para isso o profissional que irá auxiliar o jovem deve ter um vasto conhecimento dos indivíduos com quem atua e de sua relação às profissões.
Bock (2002) afirma que muitos orientadores educacionais e vocacionais não levam em conta a visão já constituída do jovem em relação a uma determinada profissão. Muitos se esquecem daquela questão anterior sobre a relação do jovem com a sociedade e não pensam que os indivíduos conhecem profissionais, têm pais, parentes, amigos com determinadas profissões que podem influenciar as buscas e decisões por sua profissão.
O ideal é que se trabalhe juntamente com essa visão já construída desmitificando-a e utilizando-a como auxiliar na hora de orientar, conversar, aplicar testes, etc. Bock ainda afirma que é importante que o orientador não trabalhe sozinho, mas sim tenha uma equipe constituída por profissionais capazes de auxiliar nesse processo.
Contudo, como citei acima ao mencionar uma das teorias que Bock comenta, a decisão será sempre do jovem. Isso requer um auxílio, um bom trabalho de pesquisa, saúde emocional e altas doses de coragem! Coragem é imprescindível na hora de pensar e escolher uma profissão e principalmente na hora de exercer e passar pelos os altos e baixos da mesma.
Referência Bibliográfica:
Bock, S. D. (2002). Orientação profissional – A abordagem sócio-histórica. São Paulo, Cortez.
Texto de Natalia Ghidelli