A expectativa lá no alto.
Nós sempre estamos esperando por algo: um acontecimento, uma pessoa, uma data, um horário, uma situação… mas me parece que, nessa espera, começamos a sonhar e idealizar como gostaríamos que tudo acontecesse, que rumos o motivo da espera deveria tomar, entre tantas outras expectativas.
Criar expectativas é comum, necessário, até. O lado bom da expectativa é que podemos nos tornar pessoas otimistas, pois sempre esperamos que o melhor aconteça. Mas nós precisamos saber lidar com o que vai acontecer de fato, pois nem sempre é da maneira que esperamos. O lado nocivo é que nós a colocamos em tudo, inclusive nas pessoas e em seus comportamentos.
Colocar expectativas nas pessoas não é bom pois a chance de frustração é bem grande e, apesar dela gerar resiliência, não precisamos estar o tempo todo frustrados. É inevitável, eu sei, já disse também que é comum e necessário, mas o que fazer para que não nos frustremos demais ao colocar expectativas nas pessoas?
Existe uma parte interna do processo que é feita em nós mesmos e uma parte que é desenvolvida na relação com o outro. Por isso é preciso saber desenvolver as habilidades sociais e emocionais para lidar com este tipo de situação.
A resposta é a dose da expectativa e a noção de que ela pode ser saciada ou não. Parece uma dica boba, mas precisamos exercitar como vamos receber a resposta ou o comportamento das pessoas.
Para exemplificar, vou usar uma das relações na qual isso está muito presente, a de pais e filhos. Pais colocam muita expectativa nos filhos: ele vai andar logo, ela vai falar logo, eles vão ser gênios na escola, vão fazer uma faculdade sensacional, serão excelentes profissionais, serão bem sucedidos, vão casar etc.
Mesmo antes de nascerem nós já traçamos suas vidas inteiras e isso gera expectativas e uma ansiedade desmedida.
No primeiro momento no qual a expectativa é quebrada (numa birra, quando a criança não desenvolve a fala no momento em que os pais achavam que ela desenvolveria, quando vai mal em uma prova), ou surtamos, achando que estamos fazendo tudo errado, ou ficamos chateados e demonstramos tristeza, irritação e agressividade.
Nenhuma delas, todas vão gerar apenas mais atitudes indesejadas: cobranças em excesso, comportamentos inadequados, brigas e muita, muita tristeza, principalmente quando seu filho perceber que ele não está atendendo suas expectativas.
Por que abordei esse assunto agora? Porque, se desejamos que a educação de nossas crianças se transforme positivamente e desenvolva as habilidades socioemocionais, primeiramente nós devemos nos transformar.
Começar trabalhando nossa expectativa é uma maneira de promover uma transformação significativa.
Por isso, para você, que deseja hoje começar a usar as metodologias ativas, as ferramentas da disciplina consciente, da educação afetiva, ou qualquer outra abordagem com as quais trabalhamos aqui na Edutiê, eu dou uma dica:
Você pode começar trabalhando a sua expectativa, buscando ter maior consciência e controle sobre o seu próprio comportamento. E é sobre o seu próprio comportamento que você tem as maiores condições de atuar.
Com constância e perseverança conseguirá alcançar os resultados positivos. Eles existem, eu prometo, e você vai alcançá-los! Basta trabalhar um pouco por dia, todos os dias.